LIVROS

Gatos falando alemão
Isto Edições, 2024
Gatos falando alemão revela os temas cotidianos através das lentes de uma das autoras mais ativas na poesia brasileira contemporânea.
Em sua poesia viva, desejos, traumas adultos e de infância, a arquitetura de casas passadas, o tempo, amores que tropeçam, outros que seguem em frente estão presentes nos textos.
A vida e a morte, o gozo e ausência de prazer também surgem pelos versos que estão distribuídos nestes 51 poemas “translúcidos” que “atraem como uma aurora boreal”, segundo a escritora Martha Medeiros na quarta capa da edição.
se eu pudesse dar outro nome a algumas coisas
chamar de fogo algo frio
dizer jardim me referindo a uma coisa solitária
falar em amor sentindo o oposto
- o que seria aqui neste poema o oposto do amor -
enlouquecendo a língua portuguesa
e a mesma que invade a minha boca num beijo
que não gosto
e dizer que gosto
Poema do livro Gatos falando alemão
Isto Edições, 2024

As línguas são para outras coisas
Editora Taverna, 2022
As línguas são para outras coisas é um livro que trata de diversas questões existenciais femininas. Há um olhar lúcido sobre o fato de estarmos no mundo, com ênfase na sexualidade, na maternidade, na infância, no corpo que envelhece a cada instante.
As paixões, os amores inevitáveis, as traições sob uma ótica natural, estão em muitos versos deste livro. Mas, por vezes não sabemos o gênero da voz lírica: ora masculina, ora feminina, a poesia de Claudia apenas aponta para a verdades do mundo, seus corpos e desejos.
A orelha do livro foi escrita pela cantora e compositora Marina Lima e obra da capa é da artista Ana Julia Vilela.
quando te olho por entre os seios
não distingo a tua barba dos meus pubianos
a boca sugando faminta pelo meu
orgasmo língua determinada
o ritmo oposto a algum barulho de obra
a construção de tudo o que temos
é muito mais alta que o som de um guindaste em ação
Poema do livro As línguas são para outras coisas,
editora Taverna, 2022

As partes nuas
Editora Francisco Alves, 2021
Em seu segundo livro de poesia, As Partes Nuas, a autora se mostra por inteiro, em textos onde se revela mãe, mulher e ser humano, que sente, que pulsa. Um “livro-corpo”, como define o poeta português José Luís Peixoto na apresentação do livro. Um corpo muito bem desenhado, com design de Rico Lins e a obra “Nuvem para meia altura” do artista plástico José Bechara, na capa e pontuando os sete capítulos da publicação. E cada divisão é aberta com versos de poemas que não entraram, amarrando o projeto como um todo.
faça-me perguntas
mas não me interrogue
nunca gostei daqueles paus
de arara
a tortura de ter que dar a resposta esperada
abrir as pernas em dias que não
nada vou dizer-te se contra
a parede me colocares
senão para me comer às pressas
mas só quando as pernas quiserem-se
abertas.
Poema do livro As partes nuas,
editora Francisco Alves, 2021

Leia-me toda
Editora Dublinense, 2010
Um livro de poesia pode ser a reunião da produção literária de um determinado período. No caso de Claudia Schroeder, Leia-me toda ultrapassa essa classificação: representa o estado de espírito da autora, trazendo observações, sentimentos, relacionamentos e traduções do seu pensar, sentir e lembrar. Uma poesia sensual e confessional, que conta histórias alheias ou de sua própria vida, embaladas pelo som da boemia e das canções sobre ter prazer, amar e sofrer de amor.
Eu queria que você aceitasse a minha mão
mesmo com a pele fina
a unha descascada da louça mal lavada
as manchas do tempo do sol
as veias azuladas sobre o tom louro
dos pelos mínimos.
Eu queria que você aceitasse a minha mão
mesmo que fosse somente
para atravessar o meu medo de rua.